Grupo de alunos de Engenharia Civil cria laboratório de ideias para tirar do papel soluções para problemas no campus
O Dextra é formado por três alunos da Engenharia Civil. Da esquerda para a direita estão: Natália Vinhal, diretora de Projetos e Pessoas; Renan Soares, diretor de Comunicação e Marketing; e Eduardo Souza; coordenador geral do projeto.
Já teve algum problema na UnB e pensou em alguma maneira de solucioná-lo, mas não fazia a mínima ideia de como tirar o projeto do papel? Pois foi pensando nisso que três estudantes do quarto semestre de Engenharia Civil criaram o Dextra, um laboratório de ideias que busca facilitar esse processo.
Dextra vem da junção de duas palavras: dexter, do latim, que significa inteligência, e tra, proveniente da palavra transporte. O projeto tem o apoio do Centro Interdisciplinar de Estudos em Transportes (Ceftru/UnB) e surgiu no intuito de alavancar projetos que melhorem a mobilidade, o transporte e a logística na Universidade de Brasília.
A iniciativa partiu de uma conversa de um dos estudantes com o coordenador do Ceftru, Pastor Taco, que também é professor do departamento de Engenharia Civil, sobre o atraso da UnB quanto à execução de boas ideias. A partir disso, os dois viram uma oportunidade no projeto. “A gente acredita que uma solução mais inteligente para o problema é vista pela pessoa que vivencia o problema”, diz Eduardo Souza, idealizador e coordenador do projeto.
O trabalho do grupo é de recolher ideias e soluções de estudantes da Universidade para problemas que os alunos enfrentam no dia a dia no campus, como a mobilidade, a segurança, iluminação, por exemplo, e ajudá-los a executá-las, como explica a diretora de Projetos e Pessoas, Natália Vinhal: “A ideia do Dextra não é executar. A gente abraça a ideia e fornece os meios para que ela possa acontecer. Nós somos facilitadores. Nosso papel é levar os grupos às pessoas certas para que elas possam executar”.
Escute a entrevista com Natália:
O apoio do Ceftru funciona tanto proporcionando o espaço físico para que o Dextra possa se desenvolver quanto na orientação do projeto, como uma incubadora. Pastor Taco, professor-orientador e coordenador do Ceftru, diz: “Nós incubamos o Dextra no sentido de dar todo o auxílio necessário, desde a discussão das ideias até aos caminhos a serem seguidos para que seus objetivos possam se cumprir com a finalidade de ter um campus mais inteligente”.
O Dextra se baseia no conceito de smart campus, ou seja, propõe projetos que deixem o campus mais inteligente. O conceito é baseado na ideia de smart cities, bastante estudado pelo Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), que define o termo como cidades que buscam deixar o ambiente mais sustentável, habitável e com mais igualdade social por meio de inovações tecnológicas.
No Brasil, a ideia de smart campus foi implementada na Faculdade de Engenharia de Sorocaba (FACENS), com o auxílio do próprio MIT, onde utilizam o campus como local de prototipagem, procurando solucionar problemas reais, servindo de inspiração para o Dextra. Saiba mais sobre o Smart Campus FACENS aqui.
Como funciona
Para executar o projeto, os alunos criaram uma metodologia para selecionar as ideias e transformá-las em feitos. Ela é divida em três fases: genesis, vinda do grego, secta e praxis, vindas do latim, que significam início, caminho e prática, respectivamente.
A primeira – genesis – é a fase de inscrição e seleção de ideias. Qualquer aluno da Universidade, tanto de graduação quanto de pós-graduação, pode expor seus projetos e propor soluções para problemas cotidianos nos campi, inscrevendo sua ideia no site do Dextra. A partir disso, são selecionadas cinco ideias. O grupo faz reuniões com seus criadores, ajudando-os a aprimorá-las e a se prepararem para um concurso de ideias. Para o concurso, é feito um evento aberto ao público no qual as ideias são apresentadas, avaliadas e votadas. São selecionadas duas ideias ganhadoras que recebem “padrinhos” do próprio Dextra, que vão auxiliá-los no andamento do projeto.
A segunda – secta – é a fase de pesquisa e procura de investimentos para viabilizar os projetos. E, por fim, a terceira fase, é de pós-investimento, na qual são desenvolvidos os protótipos e os projetos são colocados em prática.
O concurso é anual. No primeiro semestre, o Dextra abraça e escolhe as ideias, já o segundo semestre é voltado para o desenvolvimento destas. Este ano já foi feito um concurso, no qual foram selecionados os projetos SigaUnB, da estudante de Engenharia Civil Nicolly Gleisy, no qual pretende-se criar um aplicativo de mobilidade interna no campus; e o projeto Campus Sustentável, do também estudante de Engenharia Civil Rodrigo Teixeira, o qual pretende-se implementar iluminação de LED e painéis fotovoltaicos no Campus.
Embora a iniciativa seja ligada à área de transportes e mobilidade, o Dextra recebe ideias de áreas diversas e busca ajudar com contatos e promover networking entre pessoas executando projetos. O compartilhamento de conhecimento é um dos ideais no qual o grupo acredita. “Tudo o que cada um sabe aqui é para ser compartilhado para outros aprenderem”, diz Eduardo Souza. Além disso, o grupo sonha que essa iniciativa se expanda, abarcando outras áreas, como diz Renan Soares, diretor de Comunicação e Marketing: “Nossa ideia é expandir. A gente tem o Dextra aqui, voltado mais para transporte, mas por que não criar um Dextra da Sociologia, por exemplo, com foco mais social? É [um projeto] de quem quiser abraçar!”
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