A obesidade desmascarada
- Ronayre Nunes
- 28 de out. de 2016
- 3 min de leitura
Faculdade de Educação Física promove palestra alertando sobre os perigos da obesidade em alimentos que você nem imagina O que lhe parece mais ameaçador: um pedaço de bacon artesanal ou uma barra de cereal? Pode até parecer estranho, mas o professor e personal trainer Felipe Piacesi defende que o cereal. Em sua palestra “Obesidade: verdades inesperadas”, promovida na Semana Universitária 2016, o educador físico apresentou ao público o quanto os alimentos industrializados podem ser mais perigosos do que os alimentos classicamente encarados como vilões.

Professor e personal trainer defende os alimentos industrializados como principais vilões do emagrecimento – Foto por Ronayre Nunes
Um problema histórico
Piacesi defende que a obesidade pode ter prosperado na alteração drástica, ao longo dos anos, na forma como as pessoas se alimentam. De um processo evolutivo baseado essencialmente em carne e plantas, grande parte da população migrou para alimentos industrializados, e, em consequência, graves problemas de saúde começaram a surgir. O principal deles: a obesidade.
“A gente pode ver que a nossa alimentação não está adequada a nossa espécie. Com o surgimento da agricultura nossa alimentação mudou e mais recentemente ainda, com mais alimentos industrializados. Isso está ligado a uma queda de saúde”, esclareceu Piacesi.

Alunos assistem atentamente as orientações do professor – Foto por Ronayre Nunes
Obesidade em números
A população mundial pulou de uma média de 11% de pessoas obesas em 2006, para 17% em 2013 (IMC 30kg/m2). Já o sobrepeso (IMC 25kg/m2) atinge metade do mundo. O problema talvez nem seja de fato a obesidade por si só, mas sim os problemas de saúde que ela pode trazer.
Um estudo publicado no portal Saúde afirma que a obesidade pode ter impacto sobre o risco de câncer. De um total de 73.913 mulheres participantes da pesquisa, 6.300 casos de câncer foram relacionados com a obesidade em um período de estudo de 12 anos.
Supostos culpados e supostos heróis
O grande diferencial da palestra “Obesidade: verdades inesperadas” foi o fato de que o holofote sobre o vilão do excesso de peso foi colocado sobre os alimentos industrializados, e não nos alimentos gordurosos. Segundo Piacesi, o açúcar presente em bebidas como refrigerantes ou biscoitos contém calorias que não são tão fáceis de queimar como as calorias de uma fruta, logo potencializam a obesidade. “A sugestão é voltar a comer coisas menos processadas, com mais gorduras e menos carboidratos”, afirma Piacese. Apesar de curiosa, a lógica do professor não é inédita. Um retorno à alimentação primitiva é um recurso já indicado por alguns profissionais da saúde e ganhou famosos adeptos no mundo inteiro, como os atores Channing Tatum e Jessica Biel.
Mas é preciso ter cuidado. A dieta que proíbe os industrializados também sofre alguns questionamentos. Por exemplo, a recomendação médica para o consumo de carne é de apenas 35% da alimentação por dia, mas para os adeptos da alimentação primitiva, esse percentual pode chegar a até 50%.
Nathália Vaz, estudante do primeiro semestre de Saúde Coletiva, aprovou a palestra de Piacese. Ela, que participou de três encontros na Semana Universitária 2016, defendeu que a visão do professor vai contra as informações que a “mídia passa de forma distorcida e pouco esclarecedora”. Nathália ainda ressalta a importância das palestras aos estudantes: “Estou achando tudo muito interessante, a gente aprende mais e o melhor é que é acessível a todos”.

Nathália Vaz fez parte do público da palestra e achou as informações muito importante para todos – Foto por Ronayre Nunes
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