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Estudantes da FAC sofrem com falta de acessibilidade

  • Vinícius Cavalcanti
  • 26 de out. de 2016
  • 5 min de leitura

Não há elevadores nem rampas próximas para facilitar a locomoção entre os pavimentos da faculdade. Edital para pós-graduação inclui vagas para pessoas com deficiência


Os alunos que têm aulas na Faculdade de Comunicação raramente percebem a falta de acessibilidade do local. Escadas são o único meio para locomoção entre os pavimentos, um desafio para alunos com problemas temporários ou permanentes de mobilidade. O assunto gerou interesse após a publicação do edital de seleção para o programa de pós-graduação da faculdade, que inclui vagas para ações afirmativas.


A pós-graduação da FAC está localizada no subsolo do ICC e é acessível apenas através de escadas ou de rampas parcialmente bloqueadas. José Roberto Vieira, coordenador do Programa de Apoio às Pessoas com Necessidades Especiais (PPNE), comenta: “Pela história do ICC, o subsolo não era local de sala de aula, era para ser depósito, o que explica a falta de acessibilidade aos alunos”. Para chegar ao subsolo e ao auditório da faculdade, os alunos podem pedir ao PPNE uma autorização para entrar com carro no subsolo do prédio. A reportagem notou, contudo, um obstáculo à única alternativa acessível: o refrigerador de um ar-condicionado da pós-graduação encontra-se entre a entrada da faculdade e a rampa para acesso de cadeira de rodas, deixando assim um espaço muito pequeno para o passeio da cadeira.


Fotos: Vinícius Cavalcanti

Instalação de sistema de ar-condicionado obstrui a passagem para cadeirantes


A professora Thaïs de Mendonça Jorge, coordenadora da pós-graduação da FAC, explica a novidade do edital: “Quando colocamos esse item no nosso novo edital, nós pensamos que iríamos reagir de acordo com a demanda”. Ela comenta que quando há demandas de acessibilidade a coordenação costuma buscar autorização para que o aluno entre com carro no subsolo no ICC e desça em frente à faculdade. Até o momento, não houve nenhum registro de deficientes físicos para o processo seletivo.

Muitos departamentos saíram do subsolo para prédios próprios fora do Minhocão justamente devido às condições do local. Vieira cita problemas que aconteceram nos laboratórios de Química e Biologia: “É um local insalubre, sem ventilação, sem nada”. A falta de ventilação é um fator chave para locais que trabalham com elementos químicos, como os laboratórios. Atualmente, os novos prédios de Química e Biologia apresentam acessibilidade para os estudantes que precisam.


Graduação


Monique Renault, estudante de Publicidade e Propaganda, percebeu os desafios da ausência de estrutura da FAC após sofrer uma lesão na perna: “Tranquei uma matéria porque era muito difícil chegar ao andar superior”. A estudante tinha que se locomover de cadeira de rodas até o Ceubinho, subir as rampas e percorrer toda a extensão do ICC Norte novamente até chegar à sua sala de aula. O trancamento é uma solução válida para quem está temporariamente inabilitado, porém impossível para os alunos que vivem com necessidades especiais de locomoção.


“Então. Não vou falar que era fácil, eu tinha duas aulas no primeiro andar e era difícil subir, mas não era impossível. A FAC não é diferente dos outros lugares da UnB. Eu fiquei 17 dias de gesso e, sinceramente, viver a vida inteira assim deve ser terrível.” A fala de Guilherme Monteiro, estudante de Audiovisual, mostra as dificuldades que pessoas com mobilidade limitada enfrentam, dificuldades que passam despercebidas na rotina da maioria das pessoas.


O professor Fernando Oliveira Paulino, diretor da FAC, explica que as questões de acessibilidade são de responsabilidade da administração superior da UnB, mas que a direção da faculdade tem tomado providências: “A Direção da FAC tem solicitado constantemente providências à Prefeitura do Campus para proporcionar a acessibilidade necessária para as atividades de ensino, pesquisa e extensão. Neste sentido, vale não só destacar os esforços para promover mobilidade com mais condições de deslocamento no ICC, através da instalação e manutenção de elevadores, painéis indicadores, marcação no solo, desobstrução das escadas, segurança e temperatura adequada em sala”. Quanto às questões de trancamentos de matérias, a direção, segundo Paulino, está à disposição dos alunos para realizar os “ajustes possíveis e necessários para ao menos amenizar prejuízos e encontrar maneiras de garantir o desempenho acadêmico necessário”.


Histórico


O coordenador José Roberto Vieira é cadeirante e conta que os edifícios mais antigos da UnB não foram pensados para ter acessibilidade. Os prédios (reitoria, biblioteca, Instituto Central de Ciências e outros construídos entre as décadas de 1960 e 1980) foram projetados em uma época em que não havia debates sobre o tema no Brasil. As rampas do ICC, por exemplo, foram concebidas como obras de arte: “Elas não foram concebidas para serem rampas, e sim objetos de paisagem”.


As rampas são muito íngremes e pouco funcionais aos alunos com mobilidade especial


Os prédios mais novos, construídos a partir da década de 1990, como os pavilhões e o BSA, já apresentam em seu projeto a preocupação com acessibilidade, com elevadores e rampas adequadas.


Adaptação vs. planejamento


O coordenador do PPNE comenta: “Adaptação é um eufemismo para gato. Nada que é adaptado é melhor do que um gato. A coisa funciona quando ela é concebida, projetada para aquilo”. As tentativas de adaptação do ICC, por exemplo, constantemente enfrentam problemas.


Os elevadores são escassos e quase sempre estão em manutenção. Existem apenas três nos mais de 700 metros de prédio. Na seção norte, por exemplo, há apenas um elevador, situado entre os anfiteatros 15 e 16. Vieira também menciona a burocracia das obras de adaptação. Conforme ele, em 1999 foi feito o pedido para a instalação de cinco elevadores no prédio do ICC, mas somente em 2008 é que os equipamentos foram instalados. Além disso, dois elevadores não foram instalados por falta de estrutura do ICC. Estes dois elevadores seriam instalados no lado B do Instituto e serviriam para estudantes que passam por problemas como o de Monique. “A estruturação do outro lado [lado B] é tão mais fraca do que aqui [lado A] que só em dois lugares seriam possíveis, no ceubinho e udfinho, e teria que abrir o chão das praças para colocar o elevador. É um projeto oneroso que requer tempo, dinheiro e planejamento”, explica o coordenador.


Os elevadores atuais são pequenos, com mecanismos pouco resistentes e enfrentam frequentes interdições. O coordenador explica que muitas pessoas os utilizam para carregar materiais pesados para o pavimento superior, extrapolando a capacidade o aparelho. Além disso, os estudantes que utilizam cadeira de rodas reclamam do tamanho, demasiado apertado, e da falta de iluminação interna.



As pixações nos elevadores denunciam as constantes manutenções


O PPNE também já tentou construir rampas para ligar o pavimento superior do lado A e B, porém as modificações encontram forte processo burocrático, uma vez que o ICC é um prédio tombado como patrimônio histórico e a criação de rampas distorce a paisagem planejada. Vieira questiona se a paisagem é mais importante do que a acessibilidade dos alunos e funcionários.


Medidas paliativas


O PPNE reconhece que a universidade está longe ser 100% acessível a pessoas com necessidades especiais e, por isso, adota medidas para facilitar a vida do estudante. No caso de aulas em outros pavimentos, por exemplo, o aluno, antes do início do semestre letivo, pode pedir a ajuda do programa para a troca de sala para um lugar mais acessível. Os banheiros também já passaram por processo de adaptação em todas as faculdades.


Além disso, o programa disponibiliza transporte para levar os alunos a lugares dentro do campus. Por mais que haja a disponibilização de um transporte, é inconveniente ao cadeirante ter de recorrer semanalmente e talvez diariamente à ajuda, pois lhe tira parte da liberdade e autonomia de ir e vir. O programa também oferece auxílio a alunos com outros tipos de necessidades especiais.

A diretoria da FAC afirma estar à disposição de docentes e discentes da faculdade via fac@unb.br para resolver eventuais problemas.




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