Desorganização marca abertura da III Bienal do Livro
- Wellington Hanna
- 25 de out. de 2016
- 2 min de leitura
Enquanto expositores lamentaram a falta de divulgação, público reivindicou mais
informações. Organizador ironiza: “Somos incompetentes”

Foto: Wellington Hanna
Acostumado a receber grandes estrelas em seu gramado, o Estádio Mané Garrincha inverteu os papéis e conta agora com os astros no anel inferior de sua estrutura. Tudo porque o palco de competições como a Copa do Mundo e as Olimpíadas está sediando, do lado de trás das arquibancadas, a III Bienal do Livro e da Leitura. Porém, ao contrário das expectativas dos que esperaram mais uma organização “Padrão Fifa”, a abertura foi marcar por baixa adesão do público e queixas por parte dos expositores que reclamaram de uma “bagunça” no evento. A Bienal teve início na manhã desta sexta-feira (21/10).
“Já fui às bienais de São Paulo e de Porto Alegre e tudo sempre correu muito bem. Mas estou chocada com a bagunça que vi aqui hoje”, desabafou a freira Irmã Remilda Picoli, responsável pela Edições Paulinas. De acordo com a religiosa, a organização do evento mudou o projeto do local na última hora e proibiu o trânsito de alguns tipos maiores de caminhões que, segundo ela, sempre foram permitidos, o que acabou atrasando a montagem de alguns estandes. “Muito triste isso”, lamentou.
Outros empresários ouvidos pelo Campus também compartilharam das queixas da Irmã. “No projeto não me falaram que tinha essa parede bem em frente à fachada do meu estande Do jeito que está, ninguém vai me ver”, reclamou João Pedro, que apelou para um cartaz improvisado para “avisar onde a loja está”.
A baixa adesão do público foi outro ponto que incomodou os expositores da Bienal.Segundo eles, o pequeno número de visitantes na abertura do evento é culpa da má divulgação. Antônio Milton, responsável pela Editora Intelectual, por exemplo, estranhou a falta de publicidade em jornais, revistas ou outdoors. “Quando viram a movimentação aqui,chegaram a me perguntar o que é que tinha no estádio”, indignou-se.
Público também reclama
“Alguém sabe, pelo amor de Deus, onde tem um folheto com um mapa para eu saber onde vai ser a abertura?”, exclamou o estudante João Fernandes, um dos poucos que acompanhou as primeiras horas da Bienal. Ele contou que havia acordado cedo para assistir aos primeiros momentos do evento, mas nem mesmo os seguranças sabiam informar quando nem em qual espaço ocorreria a abertura, marcada inicialmente para as 9h30.
Também chateado, o professor Mauro Nunes reclamou do que chamou de “falta de comprometimento com o público”. Como muitos expositores ainda terminavam de montar seus estandes, sobravam caixas amontoadas no espaço onde deveria haver fluxo de pessoas e, além disso, faltavam livros expostos nas prateleiras. “Se não conseguiriam deixar tudo pronto, que avisassem no site”, completou.
Questionado sobre os problemas relatados tanto pelos expositores quanto pelo público, o
diretor geral da Bienal, Nilson Rodrigues, foi irônico. “Somos incompetentes”, disse sorrindo antes de gravar entrevista para uma emissora de TV, na qual enalteceria os pontos positivos do evento.
A III Bienal do Livro começou nesta sexta-feira (21/10) e vai até domingo (30/10). A programação pode ser encontrada no site.
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