Exposição fotográfica retrata conservação de documentos realizada por jovens com deficiência intelec

Thiago Melo
19 de out. de 2016
4 min de leitura

A exposição “Mãos que Cuidam: Enlaces entre pessoas e acervos” mostra otrabalho realizado por jovens da APAE-DF. O programa proporciona visibilidade aos aprendizes e maior contato dos estudantes com a causa

A exposição “Enlaces entre pessoas e acervos” registra as atividades de restauração e conservação de livros e documentos na administração da Biblioteca Central da Universidade de Brasília (BCE/UnB) executadas por 22 jovens portadores de deficiência intelectual. A mostra celebra os dez anos de parceria entre a BCE e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE).

O evento, que vai até dia 21 deste mês, retrata também os atendimentos psicológicos aos jovens aprendizes da APAE — mediados por estagiários e extensionistas do projeto Mãos que Cuidam, do Instituto de Psicologia da UnB. A programação do período de exposição conta ainda com a realização de rodas de conversa e oficinas de fotocolagem e de fotografia. Um vídeo com depoimentos de profissionais de órgãos que já empregaram aprendizes do convênio APAE-BCE faz parte da mostra.

A iniciativa é realizada pelo Mãos que Cuidam, em parceria com a APAE-DF. A equipe responsável pela exposição é formada por mais de 50 pessoas, incluindo aprendizes, estudantes, estagiários, professores, servidores e fotógrafos profissionais.

A relação entre o projeto de extensão Mãos que Cuidam e o programa de higienização surgiu de um convite feito pela APAE. A ideia era que estagiários de psicologia prestassem atendimento terapêutico aos jovens da associação para sanar dificuldades de ordem emocional, ao mesmo tempo em que os aprendizes fossem preparados para o mercado de trabalho.

Em 2009, estagiários e professoras da APAE perceberam que seria importante mostrar o trabalho de conservação de bens materiais e bens públicos feito por esses jovens à comunidade interna e externa da UnB. Assim, a exposição se tornou a principal atividade desenvolvida pelo projeto de extensão.

A exposição comemora 10 anos da parceria entre a APAE e a BCE/UnB

Segundo a professora e coordenadora do Mãos que Cuidam, Gabriela Mieto, o compromisso social é um dos vínculos mais importantes e interessantes da exposição. “Nossa proposta foi montar uma equipe interdisciplinar para construir de forma colaborativa esta exposição”, explica. Além disso, outro objetivo é promover a integração entre jovens com deficiência intelectual e a comunidade.

Gabriela conta que a ação permite que estudantes de graduação sejam beneficiados através do convívio com os jovens. “A exposição chama a atenção para os enlaces entre todas as pessoas envolvidas, enfatizando o encontro dos jovens da APAE com os jovens universitários e os acervos que todos manuseiam na BCE”.

A professora explica ainda que grande parte dos estudantes da UnB sequer conhece o trabalho realizado pela APAE na BCE e que a exposição é a oportunidade de destacar o espaço conquistado pelos jovens no campus. “A realidade é essa, muitas pessoas que estão diariamente dentro da própria BCE não sabem que existe esse grupo da APAE está realizando esse trabalho”, lamenta.

Como resultado dessa inclusão, ela conta que além do trabalho feito internamente na biblioteca, os jovens aprendizes têm a oportunidade de conhecer e conviver com estudantes através de passeios e visitas a museus e laboratórios, feitos dentro do campus Darcy Ribeiro, além do convívio com os alunos extensionistas que participam diretamente do projeto.

A escolha da data da exposição também foi algo planejado, afirma Gabriela, pois coincide com o período de diplomação dos jovens. Eles receberão um certificado de formação continuada, além de orientações sobre a inserção no mercado de trabalho. A coordenadora do projeto explicou que muitos jovens que já passaram pela formação da APAE, hoje estão trabalhando em instituições públicas e outras empresas do DF, o que mostra a importância desse projeto no que diz respeito à promoção da inclusão social. Em relação ao futuro, Gabriela planeja tornar a exposição um projeto itinerante, o que segundo ela, pode propiciar mais oportunidades de inclusão de jovens com deficiência intelectual no mercado de trabalho. Ela defende que a preparação durante o curso é uma ação completa, que permite aos aprendizes ter segurança ao ingressarem na vida profissional. “Eu acho que é uma atividade multidisciplinar”, diz.

Para o aprendiz da APAE Lucas Rocha da Silva, o convívio com os colegas é a melhor parte do trabalho. “Conversamos sobre se a pessoa está se sentindo bem, batemos papo sobre o que gostamos de comer, se gostamos do restaurante universitário”, explica. Lucas não esconde o prazer que sente fazendo parte do projeto. “Higienizo livros, passo a escova de juba pra tirar a sujeira e deixar o livro bem limpinho, eu gosto”, afirma.

Já Isabela da Silva, estudante de pedagogia e extensionista do projeto Mãos que Cuidam, acredita que conviver com os jovens da APAE proporciona uma experiência substancial para a formação profissional e pessoal. “A gente pode realmente participar da inclusão de outras pessoas que são diferentes da gente, e podemos conhecê-las”, conta.

Serviço A exposição, que começou no dia 6, pode ser vista entre 8h e 18h. A galeria de exposições e o espaço para registro das visitas está localizada no térreo da BCE e a linha de tempo do programa, no subsolo.

É possível agendar visitas guiadas, pelo e-mail apaebce2016@gmail.com.