Da FAC para o mundo
- Ronayre Nunes
- 7 de out. de 2016
- 3 min de leitura
Rosinha, curta-metragem de ex-aluno da Fac, Gui Campos, ganhou prêmios em Gramado e em festivais na Espanha e na França. Exibido em vários países, agora segue rumo ao Oscar|
“A ideia do curta veio quase sem querer. Um dia acordei mais cedo, estava com o computador, sentei e escrevi um conto.” Como conta o diretor cinematográfico e ex-aluno da Faculdade de Comunicação (FAC) Gui Campos, o curta-metragem Rosinha foi criado sem grandes expectativas, mas agora voa alto nos circuitos internacionais de cinema. E o céu desse voo é o Oscar. Rosinha, que conta uma história de amor na terceira idade, tem como objetivo algumas reflexões sobre o tradicional e o tabu. Segundo Campos: “No curta, os velhinhos trazem o novo, e a sociedade representada por uma pessoa mais nova é o que traz o tradicional, essa necessidade de repetir sem questionar”. O diretor explica ainda que parte do enredo foi construído por meio de suas próprias experiências e memórias, como, por exemplo, a locação de uma pequena cidade no interior de Minas Gerais, cenário semelhante de sua infância. Veja o trailer do curta-metragem aqui. O circuito internacional Ganhador de prêmios no festival francês de Biarritz, no festival espanhol de Huesca e de quatro prêmios no festival de Gramado 2016 – incluindo o de Melhor Curta-Metragem. Exibido na Índia, nos Estados Unidos, na Suécia e no Canadá, Rosinha agora segue rumo à Irlanda para mais exibições. Como Campos avalia tal sucesso? Com modéstia: “O curta está indo super bem no circuito de festivais, melhor do que a gente esperava. Ninguém espera que o curta vá ter uma carreira incrível”. O sucesso internacional é tão preponderante, que chega a ser desproporcional à sua repercussão no Brasil. “Ele está tendo uma carreira internacional talvez mais importante do que a nacional. Dentro do Brasil são vários festivais em que ele não entra”, explicou Campos por telefone enquanto seguia rumo a Dublin para outra exibição do filme. Segundo o diretor, no Festival de Brasília ele só entrou na mostra Brasília, não na mostra competitiva. Mas e o Oscar? A única certeza de Campos em relação ao Oscar é que o caminho ao tapete vermelho é longo. A participação e a vitória em vários festivais são a principal regra na corrida pela atenção da academia norte-americana. O diretor explica que a seleção é feita a partir de curtas que ganham prêmios em determinados festivais. A boa notícia é que um desses festivais selecionadores já foi ganho por Rosinha: o festival espanhol de Huesca. Outro impulso na busca pela estatueta dourada está na exibição do filme em muitos eventos. E, nesse contexto, já foi visto que Rosinha está ganhando o mundo. Mesmo assim, Gui Campos tenta não sustentar muitas esperanças: “A gente vai tentando não manter muita expectativa, até porque sabemos que é difícil, mas também não é impossível. Vamos ver o que acontece”. FAC, UnB, Cinema O sucesso de Gui Campos está ligado a sua passagem pela Universidade de Brasília (UnB). Ex-aluno da FAC – formado em Jornalismo –, ele passou a ter contato com o cinema desde cedo. Ainda nas aulas de Oficina Básica de Audiovisual (Obav), Campos montou uma equipe e sustentou uma paixão que rende frutos até hoje. O diretor explica: “A gente formou um grupo para fazer os curtinhas da disciplina e acabou que a gente gostou e continuou fazendo”. O grupo de amigos formado para fazer os curtas da disciplina foi o embrião da produtora Lumiô, uma das responsáveis pela realização de Rosinha. “Sem dúvidas foi super importante esse momento (na UnB). Foi onde eu comecei a aprender e fazer cinema e onde eu conheci as pessoas que trabalham comigo até hoje, e pra mim a UnB é fundamental”, explica Campos. O cinema no país “Nosso papel como artista também é resistir” é a frase que Campos usa para explicar sua posição política perante o cinema brasileiro. Preocupado com o contexto nacional cinematográfico, o diretor não se abstém de uma opinião que defenda a produção audiovisual brasileira. Para Campos, o período áureo do cinema no país acabou e agora as produções podem sofrer consequências. Mesmo assim, o diretor tenta manter um olhar de esperança perante o futuro do cinema do país: “A gente vai continuar fazendo, porque quanto mais a corda puxa pro outro lado, com mais força a gente também puxa para tentar equilibrar”. O curta Rosinha segue para a exibição em Dublin. Confira um pouco das opiniões de Gui Campos:
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