Estudantes da UnB participam do Campeonato Brasileiro de Kung-fu Wushu em Brasília
- Thiago Melo
- 5 de out. de 2016
- 4 min de leitura
Representando a Universidade de Brasília na categoria universitário, os estudantes Luísa Guimarães, Jhonatan Bezerra e Juliana Borges se destacaram nas competições garantindo quatro medalhas

Mais de 400 atletas competiram no 27º Campeonato Brasileiro de Kung-fu Wushu realizado entre 7 e 11 de setembro em Brasília. Na edição deste ano a organização ficou por conta da Federação de Wushu do Distrito Federal. Outras 24 federações de todo o Brasil participaram das competições.
A categoria universitária foi muito bem representada por três estudantes da Universidade de Brasília. Dois deles venceram estudantes de outros estados e garantiram lugar no pódio. Os jovens universitários fizeram parte da equipe de 75 atletas da federação brasiliense. Entre aulas na universidade e treinos, os estudantes falaram um pouco sobre a representação do Kung-fu em suas vidas.
“O kung-fu te leva para a vida, ele te dá muita confiança”, ressalta a estudante de Arquitetura Juliana Borges, de 23 anos. Ao explicar seu interesse pela arte marcial, ela deixa claro que é preciso estar disposta a arriscar.
A brasiliense conquistou o terceiro lugar na modalidade Changquan, feminino da categoria Wushu universitário. Este é o segundo campeonato de que Juliana participa. A estudante pretende continuar a praticar artes marciais mesmo depois de se formar.


A estudante Juliana durante apresentação de Wushu na categoria universitário
Para Jhonatan Bezerra, 23 anos, estudante de Educação Física, a rotina diária é bem agitada, aulas pela manhã e tarde, treino pela noite, um esforço que vale a pena, já que o jovem universitário conquistou três medalhas. Terceiro lugar na categoria universitário e dois primeiros lugares nas categorias Livre e Armas.
O jovem afirma que a arte do Kung-fu lhe ensinou a nunca olhar para trás e sempre buscar o melhor. “O Wushu influenciou minha vida e personalidade. Também aprendi a ser bastante resiliente com os fracassos e com todas as quedas que tive no esporte.”


“O estudante foi premiado em três categorias”
Já a estudante de Jornalismo Luísa Guimarães, 18 anos, não esconde a satisfação de poder competir pela primeira vez num campeonato nacional. Segundo a jovem atleta, quando criança, seu pai não a deixava praticar artes marciais, mas bastou Luísa insistir para mostrar ao pai o que realmente queria. “O Kung-fu é conhecer a si mesmo”, afirma a estudante.
Hoje a jovem sonha em poder competir mundialmente, mas não esconde a preocupação quando o assunto é a falta de investimentos e apoio ao esporte e ao próprio Kung-fu.


“Sob os olhos atentos dos jurados, a estudante Luísa se apresentou na categoria universitário”
O evento
As competições do Kung-fu Wushu se diferenciam do Kung-fu tradicional, por serem mais performáticas e por utilizarem armas. Na edição deste ano, as competições foram divididas de acordo com as modalidades Wushu Adaptado; Interno; Moderno e Livre; Sanda; Shuaijiao e Wushu tradicional, nas categorias infantil, juvenil, adulto, sênior e universitário; masculino e feminino. Os vencedores foram premiados com medalhas personalizadas e certificados de participação.
Famílias inteiras vindas dos quatro cantos do Brasil acompanhavam as federações de seus estados, tudo para prestigiar a apresentação dos atletas. Nas bancadas, mais de 500 torcedores vibravam a cada salto dado pelos competidores. As roupas coloridas, chamadas de Ifú, chamavam a atenção pelas cores fortes e pelo brilho.
E para aqueles que imaginam ser o Kung-fu uma luta apenas para adultos, é porque não puderam assistir à apresentação de atletas mirins, alguns com apenas 5 anos de idade. Os olhos dos pais brilhavam ao ver a performance dos filhos, que, mesmo perante a grande torcida e o corpo de oito jurados, não se deixavam intimidar.
O esporte
De origem chinesa, o Kung-fu Wushu vai além do combate ou da sequência de golpes, mistura arte, ginástica e armas. Para os atletas, durante a apresentação, não basta interpretar, é preciso se destacar com as cores das roupas, a expressão facial e a concentração dos movimentos.
O Wushu possui categorias de luta entre oponentes, valorizadas por golpes de ataque e defesa, e categorias de performances individuais, dedicadas à interpretação de golpes de ataque e defesa com as mãos livres ou com armas como bastão, espada, leque, lança, facão ou corrente.
No Brasil, o Wushu surgiu na década de 1960. Em 1992 foi fundada a Confederação Brasileira de Kung-fu Wushu (CBKW), que atualmente é presidida por Marcus Vinícius Fernandes Alves. No histórico brasileiro, além de 22 campeonatos nacionais, constam dois campeonatos pan-americanos e um sul-americano.
A CBKW conta com 24 federações estaduais e mais de 5 mil atletas federados. O Kung-fu Wushu planeja conquistar lugar na modalidade oficial do Programa Olímpico em 2020.
A 6ª melhor do mundo é brasiliense
Samara Sampaio. Esse é o nome da brasiliense de 26 anos que tem no currículo mais de 10 anos de seleção brasileira de Kung-fu, seis campeonatos brasileiros, é pentacampeã pan-americana e tricampeã sul-americana. Em casa, a jovem conquistou o primeiro lugar na categoria universitário, representando o Instituto de Ensino Superior de Brasília (Iesb).

Samara durante apresentação na categoria universitário
Samara conta que, apesar de tantos títulos, sempre sofreu com a falta de patrocínios e que esse é um problema enfrentado pela maioria dos atletas. “Têm atletas infantis, adultos, que são talentosos, mas que não ficam na categoria porque não recebem apoio”.
Em 2017, a jovem atleta, que também é professora de ginástica e estudante de educação física, pretende participar das Olimpíadas Universitárias em Taipei, na China. Para garantir lugar na equipe que irá representar o Brasil, ela afirma que necessita de apoio e de parcerias.

A brasiliense conquistou o lugar mais alto do pódio
Mas o que não falta é otimismo. Ao ser perguntada sobre o que o Kung-fu representa em sua vida, os olhos da atleta brilham e ela responde com toda a certeza. “O Kung-fu não é só um esporte, ele representa uma filosofia de vida, significa trabalho árduo.”
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