WhatsApp de denúncias da UnB registra 85 notificações em agosto
- Thallita Essi
- 28 de set. de 2016
- 3 min de leitura

Veículos deixados abertos correspondem a 78% das mensagens recebidas. Especialista em segurança afirma que o serviço deve ser parte de estratégia maior. |
No mês de agosto o WhatsApp de denúncias (99263-5760) da Universidade de Brasília (UnB) registrou 85 notificações. As queixas envolveram desde veículos abertos até furtos. A ferramenta criada pela Diretoria de Segurança (Diseg) foi uma iniciativa do coordenador, Evani Bispo, para agilizar o atendimento aos alunos e mapear as áreas mais vulneráveis no campus Darcy Ribeiro.
A maioria das denúncias está relacionada aos carros abertos, sendo responsável por 65 dos 85 casos recebidos. Segundo o diretor da Diseg, Josué Guedes, o alto índice de veículos abertos acontece porque os estudantes chegam atrasados para a aula e não verificam se as portas e janelas estão devidamente fechadas.
Haydeé Caruso, professora de Sociologia da UnB e especialista em justiça criminal e segurança pública, nos diz que o crescimento dos registros é esperado quando abrimos um novo canal e o aumento não necessariamente significa que os casos aumentaram, mas que as pessoas estão tendo os canais necessários para trazer as coisas à tona.

A estudante de Gestão de Políticas Públicas Ana Luíza Lisboa faz parte da estatística de alunos que esqueceram os veículos abertos. Na última terça-feira (20), ela não acionou o alarme do carro e só percebeu quando saiu da aula. Para ela, esses casos estão principalmente relacionados ao atraso dos alunos.
Depois de receberem as ocorrências, a equipe de segurança toma medidas de patrulhamento intensivo nos locais indicados, registra a placa e horário em que o carro foi encontrado aberto e deixa uma notificação de alerta nos veículos. Segundo Bispo, não é possível disponibilizar um segurança para cada local onde há veículo aberto, pois o efetivo não é suficiente.
O WhatsApp de denúncias, inspirado no trabalho de policiais civis e militares, funciona 24 horas por dia no campus Darcy Ribeiro. Ele trouxe mais eficiência para o trabalho da Coordenadoria de Proteção ao Patrimônio (CoPP), além de permitir que os estudantes colaborem com a segurança relatando as situações de risco presenciadas por eles.
Um desses casos aconteceu com a estudante de Relações Internacionais Clara Soares, que utilizou o serviço ao presenciar uma tentativa de assalto no caminho da UnB para a L2 Norte. Enquanto caminhava com seu amigo percebeu a movimentação de um sujeito para roubar uma aluna. Ele, ao ver mais pessoas se aproximando, fugiu. “Eu descrevi o sujeito para a segurança e eles receberam a ocorrência, mas não me deram nenhum retorno”, relata Clara.
O procedimento assumido pela equipe de segurança varia de acordo com os casos. Mediante as mensagens eles averiguam a autenticidade dos fatos e confirmam o recebimento da denúncia, enquanto nos casos sigilosos mantém em oculto a identidade dos colaboradores.
De acordo com Haydeé, “a ferramenta precisa ser divulgada nos canais internos da Universidade e não apenas na grande mídia, pois os meios de comunicação internos alcançam de maneira mais efetiva a comunidade da UnB”. A professora acrescenta que quanto mais alunos tiverem conhecimento mais eles poderão contribuir sobre o debate da violência no campus.
Cinco de seis estudantes entrevistados pelo Campus disseram desconhecer o serviço de denúncias.
Para Haydeé Caruso, “o WhatsApp tem o poder de facilitar essa comunicação mais imediata, mas ele tem que estar inserido em uma estratégia maior. Essa é uma das ferramentas, mas existem outras que a gente pode adotar, como, por exemplo, um mapa do campus, um diagnóstico sobre os pontos mais vulneráveis. Além de difundir esses dados coletados”, afirma Haydeé.
Organização da segurança
A segurança da UnB é realizada por uma equipe de 717 funcionários. Eles se dividem nos quatro campi, sendo que o maior efetivo está no Darcy Ribeiro. A equipe trabalha em regime de escala de 24 por 24 horas e os terceirizados, 44 horas semanais. No início deste ano uma equipe com quatro funcionários foi montada para se dedicar às notificações feitas pelo aplicativo.
Maria do Nascimento, funcionaria terceirizada da Diseg, conta que a ferramenta tem favorecido o trabalho e as pessoas têm colaborado. “Teve um grande desenvolvimento no nosso trabalho porque a informação chega mais rápido pra gente e podemos contatar o pessoal que está no campus, nas viaturas”, relata.
O chefe da Diseg, Josué Guedes, dá orientações para a utilização do serviço. Ele destaca a importância de não utilizar o número para trotes. Deve ser usado para descrever o local e o sujeito suspeito. Para os casos de aviso sobre veículos abertos, são necessárias foto e indicação da placa. Já para crimes contra a pessoa, é preciso registrar ocorrência no CoPP e na delegacia.
Denúncias por WhatsApp: (61) 99263-5760
Denúncias por telefone: 3107-6222 ou 3107-5851
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