Reunião de conselho estudantil termina em tumulto

Votação para decidir sobre a realização de assembleia com indicativo de paralisação dividiu Centros Acadêmicos da UnB

Representantes dos Centros Acadêmicos da Universidade de Brasília se reuniram com o Diretório Central dos Estudantes (DCE) para deliberar a respeito da proposta de assembleia para discutir a paralisação dos estudantes em protesto aos cortes de 45% nas verbas das universidades federais. Das 12h às 14h da última terça (13), o Conselho de Entidades de Base — formado pelos CAs e o DCE — se reuniram em uma discussão acalorada no Anfiteatro 12 do ICC norte.

Seguindo as pautas apresentadas, o começo da reunião teve informes de CAs e um minuto de silêncio em homenagem aos seis meses da morte da estudante de Biologia Louise Ribeiro. Com gritos de “Fora Temer!”, “Fora Aliança!” e a explicação exata de que uma paralisação se daria por um ou dois dias, para diferenciá-la de uma greve, os nervos logo se exaltaram e gritos e discussões rigorosas partiram de todos os lados.

Os 50 CAs presentes contaram pontos de vistas, representantes relataram assembleias realizadas dentro dos cursos e a vontade dos estudantes de aderirem ou não à paralisação. A divisão se mostrou presente desde o fato de na entrada a maior parte dos participantes contrários à proposta sentaram-se em bancos à direita enquanto favoráveis se concentraram à esquerda. Na maior parte do tempo, era difícil ouvir ou entender o que de fato estava acontecendo.

A votação com CAs terminou com 23 favoráveis, 17 contrários e 6 abstenções.

Devido ao atraso e horário apertado, o resultado foi declarado e alguns estudantes se levantaram de supetão para irem embora enquanto outros seguiram para o centro da mesa para discutirem a respeito das abstenções valerem para derrubar a proposta. A votação necessitava atingir uma maioria simples, considerada pelo DCE como a quantidade de 50% + 1 dos votantes. Como votaram 46 CAs e 23 foram favoráveis, não se obteve a maioria simples.

O resultado causou rebuliço, com notas contrárias publicadas nas páginas de Centros Acadêmicos presentes.

Outros comemoraram o resultado e ressaltaram que outra solução deve ser encontrada sem que existam perdas de aulas. O DCE postou nota defendendo o resultado.

A estudante de Audiovisual Juciele Fonseca contou que esteve presente na reunião e que houve confusão porque a votação foi para convocar uma assembleia e não para já convocar a paralisação como foi dito em alguns veículos. “Sou a favor da assembleia para decidir a paralisação, porque uma assembleia tem o quórum maior e tem a participação de mais estudantes. Seria um espaço muito mais democrático do que o espaço dos CAs, porque nem sempre o CA representa todos os estudantes”.

Apesar da proposta não ter seguido adiante, pessoas continuam se mostrando contrários à paralisação. O estudante de Administração Talyson Sousa diz não ser a favor da atual possibilidade de paralisação estudantil por ainda não existir o apoio da maioria dos professores e as aulas poderem seguir normalmente. “A paralisação só prejudicaria os próprios estudantes. Não acho que iria influenciar o atual momento político. Não havendo apoio de todos os estudantes, ou pelo menos sua absoluta maioria, os estudantes favoráveis à paralisação não teriam poder o suficiente para ‘parar’ a universidade.”

Após a deliberação, os representantes do DCE permaneceram no local por mais alguns minutos, a repetição da contagem se deu com pessoas deixando o local sem entender o resultado por conta dos gritos.

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